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Em seus processos, Bella também tem como referência ícones da televisão dos anos 70 e 80 e drags veteranas.

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Em maioria mulheres cis que não performam drag, mas que, nas palavras de Bella, são “mulheres endragadas”, ou seja, artistas sem medo de se expressarem de forma escrachada, que trocam de roupas várias vezes em uma apresentação, que bebem em grandes goles da fonte do carnaval e do exagero. Assim como a melhor amiga da mãe de Bella, Ilva, que ocupa o posto de madrinha drag e foi sua principal guia na jornada da artista.

Outrossim, Bella cresceu com dificuldades de gostar de seu corpo e daí veio o impulso de começar a se montar.

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Fotos: [Maria Alcina] Lucas Kakuda, [Cher] Rex Features, [Elke Maravilha] CCVM, [Jackie Beat] Magnus Hastings

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A valentia é tanta, que nem sempre é fácil para a artista. Mas, mesmo com medo, não há dúvidas que Bella veio ao mundo para desbravá-lo:

“Tem hora que eu acho assim meio assustador e eu me perco nela.[...] A Gabriela não tem tanta coragem, essa que se apresenta socialmente [...]

Fazer drag para mim é coragem e é impulso, é ir para frente, uma força.”

Bella, assim como os múltiplos significados de seu nome, está em constante elaboração. Mas, tudo começou na infância:

“Um apelido que eu ganhei do meu avô, que era Belela, por causa de Gabriela. [...] Eu resolvi encurtar e chamar minha drag de Bella por causa disso. [...] Achei que era um nome bonito e o La Pierre é o sobrenome da Cher.”

Contudo, há quem pense que ‘Pierre’ vem de Pierrot, da palhaçaria, o clássico personagem do teatro italiano. E, embora essa não tenha sido uma consideração quando Bella nasceu, hoje também passa a fazer sentido para a construção da queen. Bella é atriz de formação, de maneira que a arte drag e o teatro estão profundamente conectados, enriquecendo um ao outro na construção de sua identidade e trajetória artística.

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Foto: Bruno Peixoto

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“Gabriela, você sabe o que é uma Foux Queen? Foux Queen são mulheres que se montam de drag. Mulheres como você.”

Por alguns anos, Bella se apresentava como “a cover da Cher” ou “uma artista que gostava de brincar de drag”, evitando assumir o título de “drag queen”. Definir-se não parecia uma urgência, até o momento em que foi confrontada sobre sua feminilidade e os motivos por trás de seu transformismo.

“Ah, porque se eu não sou uma travesti, por que eu faço?”

Profundamente ofendida, Bella conversou com um primo estudioso de gênero que lhe apresentou o conceito de Foux Queen. Em uma época em que o termo “cisgênero” pouco repercutia, ele lhe contou sobre mulheres cis que eram drags. Com um simples questionamento, mudou tudo e Bella, a partir desse dolorido empurrão, nasceu.

“Não, então tá bom. Vou assumir essa porra aqui. Sou drag, sim!

Sou Foux Queen.

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Foto: Reprodução/Instagram/bellalapierre

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Bella La Pierre deixou de ser uma brincadeira, um experimento e tornou-se uma profissão, principalmente porque Bella quis, mas em um desejo que hoje ela considera imaturo, provar para alguém de sua vida que ela podia sim ser uma drag queen. Mas com uma carreira que seguiu florescendo, as motivações se transformaram e se fortaleceram em projetos como o Coletivo Montarya, as oficinas do Instituto Embelleze e as bandas The Pulso in Chamas e Orquestra Mineira de Brega.

“Por que mulher não pode fazer drag se isso é tão bonito e tão transformador?”

Bella fundou o Montarya com o intuito de criar um espaço de experimentação para montar pessoas como drag queens, porém a proposta foi se transformando em um coletivo de drags, buscando popularizar essa forma artística e ocupar espaços que extrapolem a bolha LGBTQIAPN+.

Fotos: Acervo Pessoal

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“A cidade de BH é o meu palco mais confortável.”

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Com uma trajetória recheada de momentos marcantes, Bella relembra com carinho as festas da @bsurda, a banda The Pulso in Chamas, suas apresentações na Parada LGBTQIAPN+ de Belo Horizonte e lança um olhar esperançoso e realista sobre os próximos passos de sua carreira.

“O meu desejo atualmente é, cada vez mais, sair da parte do backstage da maquiagem, que sou eternamente grata e tem uma trajetória linda. Mas…

estar cada vez mais à frente da cena”

Foto: Amadoria

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Bella La Pierre é coragem.

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Uma diva

Cher

Um suco

Laranja

Não vivo sem

Rímel

BH é

O Texas

Um sonho

Conhecer a Cher

Um medo

Solidão

Ser drag é

Coragem

Bella la Pierre por Bella la Pierre

Uma grande palhaça

Encontre Bella la Pierre:

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Foto: Acervo Pessoal

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A categoria é...

brega clown

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“Eu sempre fui uma mulher muito grande, nunca tive muitos esses traços que se consideram padrão feminino. [...] Eu me achava estranha, eu não tinha coragem de usar coisas de menina com tanta facilidade e eu achava que não combinava comigo.[...] Foi uma descoberta às avessas, né? Porque é muito louco uma mulher precisar se reconhecer como um corpo meio masculinizado para gostar das coisas femininas.”

A verdade é que ser uma mulher cisgênero performando drag nem sempre é fácil e frequentemente provoca estranhamento nas plateias por onde Bella passa. Mas, para além de uma liberdade que a artista deseja e tem o direito de usufruir, Bella relembra que uma das explicações da origem do próprio termo “drag” vem do teatro.

Em períodos históricos, como nos teatros de Shakespeare, entre meados do século XVI e início do XVII, quando as mulheres não podiam atuar, a expressão “dressed as a girl” — traduzida como “vestido como uma garota” — foi cunhada para designar os homens que se maquiavam e usavam vestidos para interpretar papéis femininos nos enredos.

“Então a drag nasceu por uma necessidade, por um machismo, né? A mulher não podia fazer o que ela deveria fazer e um homem foi fazer. [...] Quem tá se apropriando do que e de quem?”

A arte drag pode ser feita por qualquer pessoa, desde que feita com muito respeito [...] Todo mundo pode experimentar isso enquanto arte, arte terapia, arte de experimentação. Agora se você quer trabalhar com isso, aí já é outra história e você tem que levar um pouco mais a sério.”

Hoje, o Montarya está inativo, porque Bella entende que a arte drag já está mais presente em espaços não-LGBTQIAPN+ e que ela já investiu muito de si para que isso acontecesse. Ainda, nos conta que, se atualmente estivesse ativo, existiriam outras questões mais urgentes a serem abordadas:

 

“Para mim sempre é mais fácil estar nos lugares, agora uma bicha preta periférica, para ela sempre vai ser mais difícil. [...] Então a pauta de trazer essa galera para um cenário geral, eu acho que é mais urgente do que a de levar a arte drag para todo lugar. Eu sendo uma mulher branca que já faço isso há muito tempo, entende?”

Já no Instituto Embelleze, dava aulas de maquiagem artística, sobretudo maquiagens voltadas para montação drag e para mulheres socialmente invisibilizadas. Bella deixou o Instituto, mas carrega no peito as marcas de ter testemunhado a transformação das pessoas que encontrou por lá.

 

“Toda vez que eu falo disso eu me arrepio, incrível, porque parece que elas achavam a individualidade delas. A parte, o lugar delas. Poxa, a existência. Sei lá, não sei nem explicar. [...] Elas se olhavam no espelho e ficavam muito maravilhadas, muito poderosas. Aquilo realmente transformava essas mulheres.”

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Muito além do que uma maquiagem revestida e um figurino bonito, a queen nos ensina que ser artista, ser drag queen, ser mulher, pode ser muito mais do que é imposto. É abraçar contradições, ouvir a própria autenticidade, encontrar beleza no que é vulnerável. Mais ainda, é estender a mão para os outros e construir uma liberdade não apenas para si mesma, rompendo barreiras e desafiando normas.

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E ao fim, nada parece mais certo:

“Ela é minha

coragem."

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Bella La Pierre é drag e é clown! Com curvas acentuadas e, ainda, com um toque de sexualidade cômica, é uma Barbie com raízes no teatro, inspirada nos anos 80 e em sua musa Cher. De uma confiança e potência impactantes, é a faceta mais genuína de sua performer e, com quase 20 anos de trajetória, hoje voa entregue pelos palcos de BH.

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“Toda vez que eu me imagino montada, parece que eu consigo enfrentar qualquer situação

[...] Infelizmente a gente ainda precisa de armaduras para enfrentar esse mundo de homens.”

Bella descobriu na montação um espaço para expressar sua feminilidade, que foi se potencializando com o passar do tempo. Então, sempre admirou “homens que se vestiam como mulheres”, embora atualmente considere essa expressão datada e hoje isso não sirva mais de combustível para sua arte.

“Será que se eu fizer isso também vou ficar tão bonita quanto eles?

[...] Então isso também foi um grande impulso: Me achar muito masculinizada e achar que eu poderia me montar de drag por conta disso.”

Mais do que isso, Bella La Pierre é drag queen com muito orgulho, porque é apaixonada por esse universo e se emociona com o poder dessa arte, sem tomar ou ocupar lugares que não lhe pertencem.

“Quando eu olho para algo que é tão transformador e que não está ofendendo ninguém, eu não estou ocupando lugar de ninguém, nem levantando bandeira exatamente [...] Eu estou performando algo que tem a ver com meu universo afinal de contas. [...]

Eu quero viver essa performatividade que é muito mais artística do que qualquer coisa.”

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Bella pretende crescer muito mais, sobretudo como apresentadora do quadro TROCA TROCA, do programa Sexprive, da Band e como vocalista da Orquestra Mineira de Brega.

 

Já há 15 anos nessa banda, Bella quer que o grupo acesse novos espaços, trazendo novas roupagens e se assumindo ainda mais como uma performer que canta, mesmo com algumas inseguranças, porque, afinal de contas, Bella pode tudo e encara o mundo com os dois pés na porta.

“Ser drag é algo que tá dentro da pessoa e que se solta de uma maneira muito selvagem, muito com vontade própria. [...] É a sua vontade mais genuína.”

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Foto: Cíntia Magalhães

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Foto: Reprodução/Instagram/bellalapierre

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Foto: Acervo Pessoal

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Fotos: Acervo Pessoal

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Fotos: Acervo Pessoal

Fotos: [1] Amadoria, [2] @fotosbrandon @glauco.l

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Foto: Acervo Pessoal

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Nessa vontade enorme de se montar, Bella pôde contar com o apoio de sua mãe, pois não somente já era artista plástica, envolvia-se com arte drag e maquiagem, como até participava como jurada de concursos de transformismo em sua cidade e recebia os amigos em casa para se montarem. Foi sob esse teto que Bella encontrou um espaço seguro para, juntamente de seus amigos, transformar-se em drag queen em um dia de carnaval inesquecível. E como “Como toda a primeira vez de drag… foi uma coisa transformadora às avessas, mas foi.”.

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