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Na tranquilidade e espontaneidade de quem alcançou o sonho de viver da arte drag, Charlotte tem um próximo objetivo, clássico: fazer parte do elenco de Ru Paul’s Drag Race - Brasil. Ela garante que, para isso, sua parte continuará sendo feita! Se vai dar certo ou não… só nos resta torcer. De uma coisa temos certeza, a torcida de Belo Horizonte não seria nada modesta. 

“Não pode parar, né?”

Enquanto isso, é com brilho nos olhos que ela se prepara para outros planos: faz suspense para um projeto no teatro, enquanto participa cada vez mais de eventos fora da capital mineira e ainda o lançamento do episódio piloto do seu novíssimo programa de receitas e entrevistas, Chá com Charlotte. Somente o primeiro episódio foi apoiado pela Lei Paulo Gustavo de incentivo à cultura, mas a drag mal vê a hora de poder produzir o restante da temporada.

É o que Charlotte declama para explicar de onde vem tanta potência criativa e vontade de progredir. Uma força que vem da paixão pela vida drag, porém, também demonstra ter consciência de que talvez ela não possua o privilégio de parar. A cena belorizontina é instável e sofreu muito, sobretudo com a pandemia do Covid-19. Charlotte, entretanto, sempre teve a meta de trabalhar como drag. Então, se em BH não existiam espaços e eventos para que ela alcançasse esse propósito… Ela foi lá e criou os dela!

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“Foi muito assim,

preciso movimentar para que a gente não perca isso que a gente tem.”

Se a gente não tivesse começado a pensar em outras possibilidades, as possibilidades de trabalho também teriam morrido.”

“É muito bom. Estar envolvida na produção dos eventos me dá uma liberdade, me dá autonomia para várias escolhas e de fato imprimir uma visão sobre como deve ser o evento drag. [...] Dar vazão a vontades diferentes que eu tenho. Então me ajuda a manter a cabeça trabalhando, pensando e mantendo o cerne criativo. [...] Ajuda a acessar coisas diferentes com a minha arte que eu quero, que eu almejo e que faz muita diferença.”

Charlotte ansiou e se preparou muito para poder celebrar o hoje em que vive da arte drag. A queen revela um causo de seu primeiro Baile da Bôta, em que foi mestre de cerimônias. Uma das artistas atrações da festa se atrasou e a drag precisou subir no palco e dar um jeito de entreter a plateia por quinze minutos. Charlotte tinha um microfone e um sonho e, na garra e desespero, tudo correu bem. Foi a partir dessa performance que se tornou oficialmente parceira do evento. 

‘Ah, você pode?’ - ‘Posso!’
‘Você já..?’ - ‘Não fiz, mas posso!’.”

Lutar pela existência de uma arte minorizada e constantemente ameaçada não é uma tarefa fácil e fazer eventos, segundo ela, é ‘surtante’. Contudo, se por um lado a pressão é hiperbólica, de outro o amor por tudo isso nunca se acanha.

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No fim, essa história muito diz sobre a maneira com que a artista se lança em novos desafios, sobre esse jeitinho de ser que a trouxe até aqui. A queen é a prova de que, quando se tem afeto e coragem para ouvir a si mesmo, é possível não só brilhar, mas também iluminar caminhos para outros seguirem. Charlotte é inteira, uma celebração da ousadia, do amor pela arte e do desejo de construir algo maior do que si mesma.

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Foto: Victor Senador

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“É uma coisa [que acontece] durante toda a minha carreira. 

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Uma diva

Beyoncé

Um suco

Morango com maracujá

Não vivo sem

Laços

BH é

BH é linda

Um sonho

Ter em Belo Horizonte a Wig House

Um medo

As pessoas me entenderem mal

Ser drag é

Difícil

Charlotte por Charlotte

Coquete, fofa e safada

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Encontre Charlotte:

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Foto: Bernardo Martins

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Foto: Victor Senador

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Foto: Marcelo Batista

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Fundamentada no teatro e na palhaçaria, o humor é basilar em sua personalidade e em suas performances, e a queen também se inspira no cinema, na Disney e em divas pop. A escolha do nome foi essencial para a construção de sua persona e é uma guia até hoje. Afinal, a primeira montação aconteceu na França. Eh oui… Nossa princesinha é internacional. Ademais, antes de se entender como Charlotte, nossa artista fazia parte de um coletivo de artistas que “visitava hospital como palhaço’. Na verdade, um palhaço cada vez mais andrógino, que acabou sendo engavetado por uma proposta de intercâmbio.

“Vai ser Charlotte,

que é doce e é
bom de comer.”

“Lá na França, um amigo meu começou a falar na minha cabeça

‘Você precisa ver Rupaul's,
porque você vai amar!'”

Charlotte seguiu os conselhos e o vício no programa foi instântaneo. A primeira montação veio na sequência. Na falta de peruca e no despreparo, montou-se para assistir a um show com o elenco composto de drags do RuPaul 's Drag Race. Ao voltar para o Brasil, Charlotte estava obcecada por esse universo e com o objetivo de se profissionalizar. Foi quando precisou escolher um nome ao ser adotada por Najla Sanderson, sua mãe drag.

“Ela nasceu na França, então eu quero um nome francês. Comecei a pesquisar dentro de opções francesas, lembrei da sobremesa e falei ‘Resolvido, vai ser ótimo!’. Eu sempre amei cozinhar."

Foto: Victor Piroli

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Foto: Marcelo Batista

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Contudo, antes mesmo de pisar em solo brasileiro, a queen queria um ingresso para uma festa da @absurda. Ainda sem cartão de crédito local, entrou em contato com Ed, CEO e produtor da festa, que prontamente ofereceu a Charlotte um ingresso. Assim que ela voltou para BH, ele também a convidou para participar, desmontada, de um vídeo de Halloween com várias drags da cena. E, na mesma festa @bsurda, conheceu Ed, Najla, Ramon e Diego, que se tornariam personagens vitais para o enredo da nossa protagonista.

Ramon e Diego tornaram-se o balé de Charlotte desde o primeiro show e a incentivaram a cursar aulas de balé e stiletto. A mãe drag, por outro lado, com didática e carinho, ajudou Char nos primeiros passos da maquiagem, figurino, cabelo e mercado de trabalho. Já Ed oportunizou o primeiro show da artista e se estabeleceu como um incentivador e parceiro de longa data. Além disso, todos ocuparam o papel de rede de apoio e foram essenciais para que a drag Charlotte existisse, assim como as amizades que fez no exterior, que foram o primeiro impulso para que tudo acontecesse como aconteceu.

Segundo a drag,
tudo pareceu orquestrado.

“Quando eu cheguei
 foi tudo muito espontâneo
e eu acho isso muito bonito.

[...] Então a rede de apoio que eu tinha lá foi uma e voltando foi outra completamente diferente, mas que foi super importante para nascer a Charlotte. Ter pessoas muito muito próximas que acreditavam muito.”

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Foto: Sarah Leal

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Poderíamos descrever Charlotte como uma drag queen belorizontina chiquérrima que, dos pés à cabeça, adornada por laços e babados, contém todo o charme de uma verdadeira coquette. Também poderíamos dizer que é fofa, uma safada.

 

Revestida pelo camp, esbanja uma adaptabilidade vasta e uma beleza apaixonante. Ou talvez, poderíamos caracterizá-la como atriz, humorista, dançarina, dona de um lip sync matador, DJ, designer, empreendedora e um dos maiores nomes da sua geração, e tudo isso seria verdade.

Porém, tudo isso ainda deixaria de fora talvez o mais importante: 

“Vendo o que minha mãe drag fez por mim e o que outras pessoas da cena fizeram por mim eu falo:

O currículo de Charlotte é recheado. Já são dez anos como drag queen e uma vida como artista. Aventurando-se em todo tipo de arte e com a segurança de quem ama uma plateia, seu faz de conta da infância consistia em montar bandas com as primas, lançar CDs e fazer shows para toda a família. Na escola, fazia desenhos, peças, recitais, dança e tudo mais que tivesse direito.

Eu preciso perpetuar isso com outras pessoas também”.

“Sabe criança aparecida? Eu sempre fui uma criança muito aparecida.”

A drag cresceu participando de grupos e cursos de teatro e logo se lançou na palhaçaria. Em cada momento da vida se expressou de uma forma diferente, sem jamais se desconectar de sua potência artística. Quando Charlotte conheceu o Ru Paul’s Drag Race, foi como encontrar nessa arte um lugar que sempre esteve à sua espera. Ali, não só nasceu a vontade de ser drag queen, mas também germinou em seu coração uma semente: o desejo enorme de contribuir com esse universo, que mais tarde florescia e se tornaria a Wig Events.

BH é única,

Na visão de Charlotte, a cena drag de Belo Horizonte abriga uma infinidade de artistas incríveis, com estilos e trajetórias únicas, mas que simplesmente não recebem a projeção nacional que merecem. Também lamenta a instabilidade e a falta de espaços fixos para eventos drag com o fechamento de muitas boates. De modo que, para ela, existem “milhões de possibilidades” e é crucial que tantos talentos não sejam confinados somente aos espaços tradicionais. Daí vem seu tão amado (e tão citado nesta revista!) Wig Brunch, os bingos e as festas.

A categoria é...

empresária coquette

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“Quero fazer drag,
quero viver drag,
vou respirar drag

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Charlotte é um
acontecimento

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A Wig surgiu como uma tentativa de Charlotte fazer sua parte para sanar essas dores e para valorizar uma cena em que tanto acredita e ama.

Para ela,

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exala positividade, criatividade, um desejo de crescimento coletivo e se distancia da competitividade tóxica que por vezes marca outras cidades. 

Fundada por Charlotte, a Wig é uma agência multidisciplinar especializada em artistas drag. Assim, organiza e impulsiona projetos e une clientes ao melhor de cada queen, conforme o tipo de performance e evento. Desse modo, acaba se tornando um espaço de acolhimento, uma família para as artistas, além do trabalho extremamente importante de padronizar valores e garantir remuneração justa. Ainda, ao se inspirar em produtoras e em agências de modelos e drags, a Wig centraliza orçamentos, comunicação e agendas, profissionalizando a cena de BH, bem como realiza eventos próprios e oferece apoio a projetos individuais das drags agenciadas.

“Eu acho que essa vontade vem muito do querer que a arte sobreviva e querer que ela cresça em Belo Horizonte. [...] É porque é isso, eu faço drag para mim, mas não só para mim. Eu quero ver essas coisas acontecendo na cidade, eu quero ver o público de BH tendo acesso.”

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Em 2018, Ed sugeriu que Charlotte criasse algo diferente. Com um projeto teatral já engatilhado, nasceu o Chronus, um espetáculo que reuniu grande parte do elenco atual da agência. Com o objetivo de valorizar a arte drag em espaços tradicionais como o teatro, a peça teve duas temporadas de sucesso, participou da Virada Cultural e chegou à capital paulista.

“No meio disso, eu fiquei pensando: ‘Gente, evento drag tá cada vez mais escasso’. Eu tenho a Wig na mão

e eu preciso fazer
alguma coisa com isso.”

Um importante incentivo veio quando adotou sua filha drag, Joanna Mescladi, um desses encontros de mudar a vida, e que despertou em Charlotte o desejo de retribuir à Joanna e à cena drag toda a gratidão que sentia pelas pessoas que a apoiaram em sua trajetória. Assim, mais do que ser produtora da Wig Events, Princesa do Bloco Garotas Solteiras, Residente da @bsurda, a queen é, indubitavelmente, uma verdadeira mãezona. E nesse palco que chamamos de cena belorizontina, é uma personagem fundamental para a continuidade desse enredo.

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Foto: Gabriel Caetamo

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Foto: Barbs

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Foto: Victor Piroli

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Foto: Marcelo Batista

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Fotos: [1] Gabriel Caetano, [2] Sarah Leal, [3] Camila Rocha

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Foto: Victor Senador

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