



Enfim, as metas de Mannu são claras e constantes: “novas portas”, “crescer mais”, “alcançar novos lugares”, “mais dinheiro” e sonha em ter o seu próprio programa. Extrapolando limites e ocupando cada vez mais espaços, a artista quer continuar produzindo conteúdo, sendo reconhecida não apenas como drag queen, mas também por outros aspectos de sua personalidade e trabalho: “Eu acho isso muito importante para as drags, a gente mostrar que é alguém por trás daquilo”. Para ela, essa é uma carreira que, assim como qualquer outra, deve evoluir e abrir portas para novos projetos e oportunidades.

Uma diva
Katy Perry
Um suco
Maracujá
Não vivo sem
Jogar Fortnite
BH é
Nóis
Um sonho
Estar na Globo
Um medo
Cair de moto e se ralar
Ser drag é
Liberdade de expressão
Mannu por Mannu
DIVAAA

Mannu é referência na cena belorizontina quando falamos, principalmente, de produção de conteúdo e humor e já foi inclusive reconhecida e elogiada pelas drags Coquita Para Raio e Márcia Pantera. Mas não é fácil falar de Mannu Mallibu, porque é impossível representar em palavras tanto foco, leveza e carisma. Seria muita ousadia tentar fazer piadas por aqui, pois não faríamos jus à artista.
Porém, com sorte, talvez tenhamos conseguido deixar claro que Mannu é imparável.
Foto: Bernardo Martins

Foto: Renato Ronnie

Foto: Lucas Henrich

Encontre Mannu Mallibu:



Mannu não vive sem os palcos, mas também é apaixonada pela internet, por conseguir levar a arte drag para pessoas fora da bolha LGBTQIAPN+. Ao falar de futuro, a drag é decidida, realista, ao mesmo tempo em que sonha alto. Sabe o seu lugar, sente que vai longe e dá passos confiantes em direção às suas vontades. Também, traz uma discussão diferente de outras colegas sobre fazer parte do RuPaul’s Drag Race, porque, por mais que ame o programa e tenha vontade de participar, esse nunca foi o seu sonho.
“Muitas drags infelizmente constroem o que elas querem para a carreira delas, já pensando em Drag Race ou já pensando na possibilidade de entrar em Drag Race. Eu acho isso um pouco prejudicial, você pensar que o ápice da sua carreira, que o lugar mais alto que você vai chegar é um programa de televisão. [...]
Você acha que alguém igual a Pabllo, a Glória, elas pensavam que o ápice da carreira delas ia ser Drag Race? Senão a Glória não tinha sido indicada ao Grammy, a Pabllo não tinha ido para o show da Madonna.”
Foto: Acervo pessoal


Foto: Reprodução/Instagram/mannumalibu

Quando começou a produzir conteúdos para a internet, chegou a utilizar @mannubandida e, em seguida, @barbierivotril como usuário nas redes sociais. Entretanto, como as coisas cresceram para muito além do esperado, percebeu que precisava repensar o nome para evitar problemas de direitos autorais com as marcas Barbie e Rivotril. Então, a drag lembrou-se de sua boneca inspiradora, Barbie Mallibu e utilizou o Mallibu como referência à sua era Rivotril.
“Nossa, e se a gente se montar?”


Foi o que Daniel sugeriu ao seu grupo de amigos em uma noite de boate, após experimentar a peruca de um deles. Com uma roupa improvisada, fez uma maquiagem ali mesmo e partiu para o mundo de forma definitiva. Então, frequentou os ambientes e passou a conhecer outras drags da cena. Até que os caminhos foram se abrindo para as empreitadas de Mannu Mallibu, que em 2024 completa 5 anos de montação.
Foto: Reprodução/Instagram/mannumalibu


“Colorida, engraçada e loira”
Sem freios, Mannu é rápida e tem sempre pronta uma piada atrevida debaixo da peruca. A drag queen belorizontina é cria de RuPaul’s Drag Race, da música, da cultura pop e é nas coxias e nos palcos que a alma de suas performances habita. Ainda, coloridíssima, Mannu Mallibu se apresenta visualmente nos traços vintages e aqui, também, o humor é seu pilar.
Como se sua loirisse não bastasse, ela é produtora de conteúdo, tá? Tiktoker mesmo e hoje expande seu palco para as mídias digitais, onde já acumula mais de 2 milhões de seguidores nas redes sociais. A montação veio inicialmente como uma maneira de se expressar dentro do teatro. Mas quando Daniel, o artista por trás da drag, saía desse ambiente, Mannu passou a ser mais do que uma personagem.

“Quando eu comecei a fazer drag eu não quis fazer um personagem, quis fazer eu. Então eu sinto que a Mannu, principalmente hoje em dia, é só uma extensão visual de quem eu sou. [...]
Essa extensão do que eu sei fazer e trago isso artisticamente, mas não acho que seja uma coisa diferente. Então a Mannu, essencialmente, 100% sou eu.”
Foto: Paulo Campos


Mannu serviu como uma blindagem estética para que conseguisse praticar o que já sabia: fazer as pessoas rirem. Então, a vontade de ser drag ganhou força com a experiência teatral que já tinha. Contudo, o pontapé inicial veio da paixão pelo programa RuPaul’s Drag Race e pela comicidade da queen Bianca Del Rio. Tais inspirações contribuíram para Mannu acreditar que poderia fazer comédia dentro do universo drag e que mostraram caminhos performáticos que combinavam mais com sua identidade.



“As pessoas me querem nas festas delas. Você começa a sentir um pouquinho daquela sensação ‘Ah eu sei fazer alguma coisa bem feita’. E aí você começa a investir naquilo”
Muitas drags iniciantes só saem montadas pela primeira vez quando já praticaram muito dentro de casa, mas Mannu não. Ela fazia o seu melhor, mas sem esperar o momento ideal em que atingiria um nível idealizado, e se aperfeiçoou na raça, com as mãos na massa. Contudo, as inseguranças existiam, porque por mais que fosse uma continuidade de Daniel, as pessoas a notavam de forma distinta, de modo que esse processo de absorção da opinião alheia gerou alguns desconfortos, que, felizmente, foram amenizados pela realização de ter se permitido vivenciar algo que desejava muito.


Em 2019, quando começou a se montar, viveu algo raro na cena belorizontina: logo de cara recebeu inúmeras ofertas de trabalho. BH estava em ascensão e as oportunidades explodiam, uma realidade que logo seria massacrada pela pandemia do Covid-19 em 2020. Porém, Mannu conseguiu encontrar na produção de conteúdo um refúgio para sua arte e o espaço ideal para o crescimento de sua carreira como drag queen e humorista. Foi criando inúmeros personagens do cotidiano e satirizando situações banais que ela conseguiu gerar identificação, criar uma conexão genuína com sua audiência e hoje sua carreira é agenciada.
“Eu quero fazer uma drag que seja caricata, mas também não quero que falem ‘olhe que drag engraçada, mas que cara feia que ela tem!’. Não! Vou tentar ser bonita, mas ser engraçada. [...] O teatro me ensinou ser uma pessoa muito observadora, de prestar atenção em como os outros falam, como os outros se expressam. Eu crio 300 milhões de personalidades na minha cabeça e [isso] virou também o meu trabalho.”




“É esse lugar diferente de ver drags de dia, por exemplo. Isso me fascina. Eu amo ver drags em lugares que habitualmente a gente não tá, ou que as pessoas nos colocam. Geralmente a drag é um animal noturno, mas é muito legal ver a gente fazer um Wig Brunch em plena luz do dia com pessoas ali.”

“O humor tá ali intrínseco em quem eu sou, na minha personalidade e a drag foi essa porta inicial [...] É como eu me comunico, é como eu me expresso. Eu acho que a comédia para mim é uma forma que eu encontrei, junto com a drag, de expressar uma arte, de expressar alguma coisa, de produzir algo, porque eu sempre fui ligado com humor. No teatro só fazia peças de humor, era o que eu sabia fazer, era o que eu sabia escrever.”
A escolha do nome veio de uma personagem que Daniel fazia no teatro, Mannu Bandida. Mas a verdade é que, embora hoje esteja acostumado, no começo o artista estranhou essa necessidade de nome artístico, justamente por Mannu ser simplesmente uma extensão do Daniel.
“Alguém vai me chamar de outra coisa?! Isso é tão estranho, isso nunca vai acontecer, nunca ninguém vai falar “ai Mannu”, mas na realidade as pessoas não sabem nem que sou Daniel.”
Mannu deixa claro o quanto é grata por ter um público, pessoas que se identificam e realmente estão interessadas no que ela tem a dizer. Mas nos conta que é difícil controlar sua imagem, pois muitos não sabem que para além de drag ela é produtora de conteúdo e vice-versa . Além disso, outro desafio é a ausência de oportunidades de marcas que ainda têm receio de se associarem a drag queens.
“Quando a coisa sai da bolha…
Você percebe o tanto que a gente precisa caminhar ainda, o tanto que as coisas ainda precisam mudar”
“O próximo passo para mim é sempre querer me reinventar de alguma forma, é sempre querer um degrau a mais.”
Para Mannu Mallibu, a cena de Belo Horizonte é única, com muito potencial e repleta de artistas competentes. Não à toa é sua cidade favorita!
“Nós, mineiros, somos assim. Isso reflete também na drag. [...] Mas infelizmente, a gente não tem tanto apoio de festas, por exemplo, quanto eu acho que deveria. A gente não está em muitos locais, sempre é o mesmo círculo de festas. [...] É um cenário muito desperdiçado.”
Num contexto de subvalorização da arte drag, destaca a importância do trabalho realizado na Wig Events, pois fomenta a cena local como um todo, mesmo para as drags que não fazem parte da agência. Isso leva muitas queens belorizontinas para palcos não convencionais, como para o Wig Brunch, um projeto coletivo de que Mannu sente muito orgulho por fazer parte.

Loira ao extremo, essa drag queen é o perfeito equilíbrio entre uma beleza de arder os olhos e um humor afiado… Como sincronizar uma estética tão impecável com um senso de humor tão desinibido? Tais respostas somente Mannu Mallibu consegue nos oferecer.

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Foto: @imthebadgab

Foto: Victor Piroli

Foto: Reprodução/Instagram/mannumalibu

Foto: Reprodução/X/mannumalibu

Foto: Victor Senador

Foto: Breno Nery

Foto: Reprodução/Instagram/mannumalibu

“Muitas drags infelizmente constroem o que elas querem para a carreira delas, já pensando em Drag Race ou já pensando na possibilidade de entrar em Drag Race. Eu acho isso um pouco prejudicial, você pensar que o ápice da sua carreira, que o lugar mais alto que você vai chegar é um programa de televisão. [...]
Você acha que alguém igual a Pabllo, a Glória, elas pensavam que o ápice da carreira delas ia ser Drag Race? Senão a Glória não tinha sido indicada ao Grammy, a Pabllo não tinha ido para o show da Madonna.”