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Uma parte importante da história de Joanna foi a sua participação no Valores de Minas, programa do governo mineiro que oferece oficinas de arte para jovens de escolas públicas estaduais.

 

Neste período, esteve imersa na prática de circo, além de teatro, percussão, harmonia, artes visuais, dança, canto. Certamente, não seria a pessoa que é hoje sem essa oportunidade. Essa criança artista segue viva e é impulso para as performances da drag.

“Uma performance da Joanna é uma experiência.

[...] Quero que as pessoas vão assistir uma performance minha com esse sentimento de ‘Não sei o que esperar’.”

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Foto: Acervo Pessoal

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Além de estar na graduação em Design Gráfico, a queen tem como referência revistas de moda, clipes, divas da música e suas eras, e é apaixonada pela performer Marina Abramović. Mas, antes de tudo, carrega com muito carinho suas memórias de infância e inspira-se nas grandes mulheres que marcam sua vida.

Jô começou sua vida drag junto de suas amigas, que logo se descobriram mulheres transgênero e hoje não se montam mais, mas na época escolheram o Mescladi como uma espécie de sobrenome compartilhado entre todas. Joanna foi a única a continuar performando a arte drag, mas as experiências daquele momento foram tão transformadoras que as amigas retificaram oficialmente o Mescladi como nome e Joanna seguiu utilizando-o também.

“Eu me chamo João, quando eu assustei todo mundo tava me chamando de Joanna, obviamente.

E eu só não quis lutar contra, Joanna foi bem natural. As pessoas escolheram Joanna por mim.”

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Foto: Acervo Pessoal

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“Vestir as roupas das minhas irmãs. Crescer vendo elas adolescentes, se tornando adultas. E a forma delas se expressarem, de pintar cabelo, de se vestir. [...]

Eu penso primeiro nas minhas amigas, nas pessoas que estão à minha volta, nas pessoas com quem eu convivo e que servem como fontes de inspiração para mim diariamente.

Minha mãe [drag] Charlotte, as meninas, Mira, Monalisa, Nickary, as da Wig todas.”

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Foto: Marcelo Batista

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A cobrança da queen belorizontina pode até ser exacerbada, mas foi com esse comprometimento com a excelência que Joanna Mescladi tornou essa versão sobressaltada de quem João já era: hábil, plural, potente.

Agora, à medida que a angústia do início vai passando, aquilo que mais importa pode ver a luz do dia: a conquista de uma vida cada vez mais drag e progressivamente mais distante dos dias em que precisou esconder seus sonhos feitos de arte, circo e cores vibrantes.

Encontre Joanna Mescladi:

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Para ela, não há plano maior ou mais importante do que o sonho de viver exclusivamente da arte drag e poder concentrar sua energia nesse único trabalho, ao invés do design gráfico.

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Com objetivos muito claros, busca aperfeiçoar a produção de conteúdo das suas redes sociais, que acabam funcionando como um portfólio. Dessa maneira, começou a organizar cada publicação em suas redes e irá lançar um canal no YouTube com as amigas em breve. Também, tem aprimorado suas habilidades de costura com o intuito de se aproximar do universo da moda, pois acredita ser um caminho possível para uma carreira financeiramente mais segura.

Joanna ambiciona poder participar do RuPaul’s Drag Race, pela promessa de acelerar seus movimentos de independência, e por ser, talvez, o melhor caminho para o alcance de outra preciosa meta de longo prazo: mudar-se para fora do Brasil e levar sua arte para o mundo.

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“O circo torna Joanna única, definitivamente. Mas o que a torna única além disso é o empenho que ela coloca em todo o trabalho, independente do que seja. [...] Eu sempre tento mostrar o quanto eu me empenhei para aquele momento através do trabalho. Mais importante do que entregar o trabalho para Joana, é entregar bem feito.”

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Uma diva

Beyoncé

Um suco

De maçã

Não vivo sem

Gloss

BH é

Nóis

Um sonho

Viver de drag

Um medo

Me frustrar com a carreira de drag

Ser drag é

A realização de um sonho

Joanna Mescladi por Joanna Mescladi

Quer muito, faz muito e vai conseguir muito por isso. Mas às vezes pode dar uma segurada

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Foto: [1] Matheus Venâncio, [2] Acervo Pessoal, [3] Podmadres

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Foto: Matheus Venâncio

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Foto: Daniel Monteiro, Marcos Eduardo

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A categoria é...

performer planejadora

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Joanna Mescladi não brinca em serviço. Desde a primeira vez que foi contratada quis fazer bonito. Por isso cedeu todo o seu cachê para um bailarino, que a acompanhou para potencializar o nível da performance. Deu tudo certo, foi inclusive elogiada pelo rapper Djonga ao final da apresentação e, para um início, foi histórico. Mas, como a própria Joanna diz, as primeiras vezes não param de existir, pois em sua carreira há sempre algo novo sendo feito de maneira inédita.

Jô não tinha espaço para ser drag dentro de casa e, enquanto ainda não tinha o próprio espaço, a única coisa que podia fazer era se planejar, elaborar, idealizar. Por esse motivo, desde o começo, precisou ser metódica para que conseguisse praticar sua montação e as performances. Como  realizava todo o processo dependendo da casa e da disponibilidade de outras pessoas, o tempo era contado.

 

Ainda assim, essa característica vem também do seu longo histórico com esportes - o atletismo e o circo - que, para um bom desempenho, demandam disciplina, uma lógica que Joanna aplica em sua arte.

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“Foi ótimo. Desde a primeira vez, eu lembro de falar com as meninas que eu queria continuar. [...] Qual vai ser a próxima? Semana que vem a gente vai onde? Já foi assim. Não quero saber, a gente vai se montar semana que vem e a gente vai se montar na próxima. E eu já queria continuar fazendo aquilo de cara, já gostei muito, me senti muito realizado. E essa sensação só foi aumentando à medida em que eu ia fazendo coisas diferentes com minha drag.”

“Foi uma luta até chegar aqui. E aí durante muito tempo eu não tive esse espaço adequado para falar

‘Será que aqui, agora, eu posso?’. Eu fui aos poucos, pelas beiradas e com a ajuda de pessoas que apareceram na minha vida.”

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Foto: Victor Piroli

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"Então, a primeira vez que eu performei eu falei ‘Gente, me descobri!’. Minha cabeça explodiu. Não quero fazer outra coisa não. Acabou!

Joanna e as amigas passaram semanas se preparando para o que seria o grande dia. Mas, com perucas improvisadas, maquiagens feitas às pressas e com a necessidade de fazer tudo às escondidas para que a família não descobrisse, poucas coisas saíram como esperado. Porém, nada disso foi relevante diante do ímpeto que Joanna Mescladi sentiu de poder existir novamente.

Belo Horizonte é uma casa que Joanna ama com todo o coração, especialmente o centro da cidade, em que se concentram os espaços de maior movimentação drag. Ademais, sabe que só pôde nascer e também se profissionalizar, a partir do momento em que foi de encontro a esse mundo.

Para ela, as drags da capital mineira são multi-artistas formidáveis e a cena tem não só se organizado como também se profissionalizado cada vez mais. Isso é essencial, considerando a constante instabilidade que as artistas costumam atravessar ao longo dos anos, como durante a pandemia.

Então, Jô sempre pega no pé de outras drags para que elas sejam estratégicas com suas carreiras, para que, enquanto marcas pessoais, consigam avançar e se estabelecerem mais tranquilamente em meio à volatilidade da profissão. Também, mergulha no seu processo criativo como meio de estar sempre o mais preparada possível para os desafios.

 

“Eu me cobro muito para fazer as coisas bem feitas. Não sou tão mimada assim também, pode não sair do jeito que eu quero. Mas quando não sai um resultado bom e satisfatório, eu me cobro muito. Então sempre tento me preparar para não sofrer depois.”

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E sobre a primeira montação?

“Quase tudo que podia dar errado deu!”, confessa.

Atrevidinha! É possivelmente um bom começo para apresentar essa drag, que poderia também ser descrita como circense, se isso não reduzisse o potencial de uma artista tão habilidosa, bela e completa.

 

Joanna não espera as oportunidades irem até ela, mas sim as cria com o seu jeitinho vaidoso e o tato perfeito para nos fazer sorrir. Com pouco mais de cinco anos de carreira, vai se destacando por sua vontade inesgotável de fazer isso, não apenas experimentando o novo, mas se tornando uma excelência nele, sempre com alegria, uma inteligência absurda e um pensamento estratégico capaz de levá-la a qualquer lugar.

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Para além do domínio de uma boa drag em estética e performance, Joanna também tem habilidades em malabares, equilibrismo, acrobacias, flexibilidade, números aéreos e só não mexe na pirofagia para não correr risco de o figurino pegar fogo.

Mas, se de um lado Joanna não pôde contar com o apoio dos pais para se fortalecer profissionalmente, do outro, construiu uma rede de apoio e tanto. É a filha drag de Charlotte e, ao lado de suas irmãs da Wig, encontrou um lar e a estrutura que precisava para se desenvolver artisticamente.

“Eu precisava de alguém para me ajudar a montar e as meninas (Mira MiuMiu e Monalisa Le Blanc) não podiam fazer isso, porque geralmente eu ia para casa delas para me montar. Elas também iam se montar e não podiam me ajudar e falaram

‘Por que você não chama Charlotte?’, e eu chamei.

E nesse dia, me montando, ela virou para mim e falou: ‘Você quer ser minha filha?’. Eu falei: ‘Quero!’. Já que abriram as vagas, quero sim. Foi bem natural, não houve um grande momento para isso acontecer."

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Em suas palavras: A cena drag de BH é gigante.

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Joanna acredita que a história drag da cidade não está sendo registrada e observa que as gerações atuais desconhecem fatos básicos, como quem é a queen mais antiga em atividade. Desse modo, está desenvolvendo seu Trabalho de Conclusão de Curso sobre o tema.

“Para mim é muito importante não só estar na cena, mas ser vista na cena como alguém que contribui e que pode contribuir de outras formas.”

Contudo, a maturidade profissional tem trazido para a queen o aprendizado de que a espontaneidade também tem o seu valor. Afinal, de que adianta ser perfeita, ser ovacionada, se você não conseguir aproveitar o momento? Com essa mudança gradual, Joanna já considera o Quinteiro seu palco favorito, por ser um ambiente confortável que lhe trouxe muitas realizações e permitir a informalidade e sinceridade em suas performances. E é nesse passo que Jô vai incorporando mais leveza em sua forma de lidar com o mundo.

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Não voar não é uma opção

“Não quero ser conhecida como a drag que faz tal coisa. Eu quero ser conhecida como a drag que faz essa cartela de coisas e que ainda vai aumentar.”

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Foto: @imthebadgab

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Foto: Marcelo Batista

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Foto: [1] Moderna Musset, [2] The Artist is Present/Divulgação

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Foto: Victor Senador

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Foto: Carolina Faraco

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Foto: Paulo Campos

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